São Brás de Vermoim
Em Portugal, no que toca a arménios (naturais da terra Arménia, não os de nome), a notoriedade divide-se entre o São Brás e Calouste Gulbenkian – o santo liderando com folga em termos de devoção popular e o magnata do petróleo destacado no fomento das artes.
Brás não sendo um milagreiro de mão cheia, como são outros santos da primeira linha da hagiografia, evidencia-se, no entanto, pela sua ultra especialização e eficácia. Não se lhe conhecem no curriculo milagres daqueles de ficar de cara à banda mas, porém, no que toca a maleitas e doenças miúdas do gasganete, não há segundo como ele.
Sendo as aflições da garganta mais que muitas e grandemente disseminadas por toda a cristandade e sendo o bispo de Sebaste exímio a debelar toda a sorte dificuldades em engolir, o natural é que seja muito solicitado e com isso tenha grangeado justo e abundante prestigio popular, que por vezes falta noutros santos mais subidos na hierarquia mas mais relaxados no trabalho.
Ademais é um santo fácil de se ser devoto: tem aquela figura de empregado simpático da Câmara, sempre pronto a desatar os pequenos nós da vida da arraia miúda e não é exigente na devoção.
Para o São Brás de Vermoim qualquer gargantilha de cera lhe basta como paga, contanto que não esqueçam a voltinha anual com o andor – nada de muito elaborado nem de grandes faenas, diga-se. Apenas o suficiente para tirar o pó do capote, apanhar o fresco de Fevereiro e ver as moças, que ele é santo mas não é de ferro.
A mim já me livrou de alguns engasganços e, por isso, também eu sou da sua massa associativa.