The Olivença report
Na minha qualidade de Alto Comissário para a Questão de Olivença e Demais Pendências Fronteiriças Avulsas, desloquei-me à terra oliventina, à paisana, para aferir do estado de conservação do património edificado, temporariamente na posse do estrangeiro castelhano, que o pilhou à falsa fé.
Pareceu-me ter vislumbrado, aqui e ali, tentativas revisionistas de safar as quinas das pedras das quinas que, diga-se, abundam naquelas partes. Mas terá sido uma tentativa vã de tapar o sol com a peneira. Em boa verdade, o que de valioso por lá há foi obra dos portugueses do lado de cá do rio Guadiana. Aquilo é manuelino para aqui, pombalino para acolá e tudo exibido com o orgulho de quem mostra as jóias da família – a capela do Espírito Santo, a porta do ajuntamento, a muralha e a torre de menagem e as Igrejas do Castelo e da Madalena lá estão, bem tratadas, a reluzir.
Os sacanas mudaram os nomes das ruas, mas tiveram a decência de deixar, por baixo da toponímia nova, as legítimas designações.
Porém, posso asseverar, após demorada e circunstanciada inspeção, que o estado geral é satisfatório e aparenta cuidado e devoção. O que não é bem o que se pode dizer do que está do lado de cá do rio, que, salvo honrosas exceções, se apresenta em desrespeitoso e triste estado de descaso.
Vim de lá a pensar que, às tantas, é melhor deixar estar o contrato por mais uns tempos, que o inquilino cuida melhor da terra que o tonto do senhorio.