O Campo da Cegonheira
A Prof.ª Gracinda Vales, vermoense distinta e ferrenha guardiã da memória da Terra Vermudi, sabedora deste espaço, fez-me chegar uma pérola para que eu a partilhasse por aqui: a notícia da inauguração do Campo da Cegonheira.
Trata-se de uma crónica desportiva que é um luxo. Escrita com uma categoria e domínio – quer da língua, quer da técnica e tática do foot-ball – que, desgraçadamente, há muito anda arredada da imprensa desportiva. A adjectivação que adorna a descrição sem beliscar o rigor dos factos, não é para qualquer escrevinhador. Uma delícia de ler.
O Foot-Ball Club do Porto e Vermoim, perante uma multidão impressionante de 1 000 pessoas, perdeu 3-1 com o União. Apesar de jogar melhor, “a falta de ligação na sua linha de ataque e a infelicidade no remate, não permitiu que marcassem «goals»”. O mesmo será dizer que, tal como agora, imperava a falta de habilidade no “último terço do terreno”. Os do União, finos, aproveitaram a cerimónia dos nossos na hora do remate e na 2ª parte enfiaram “mais dois pontos”
Ao contrário do que acontece nos dias de hoje, o árbitro teve direito a ser tratado por Senhor. Apesar de, numa decisão que que tinha tudo para ser polémica mas que a final todos reconheceram como justa, ter terminado o jogo aos 15 minutos da 2ª parte “por já ser de noite”
O bode expiatório da derrota foi o defesa esquerdo Américo, rapaz de natureza distraída, que pecou por não vigiar a ala direita contrária. Todos os outros “estiveram simplesmente formidáveis”.
A bandeira apresentada, essa era “linda e luxuosa”, das melhores coisinhas que por aqui se tem visto.