Putana! Ha trovato un buco!

Le Havre, França, Setembro de 1989, domingo à tarde.
Um português, um espanhol, um italiano e uma irlandesa, com cara de foca bébé, entram num cinema para ver “Dead Calm“, thriller americano, dobrado em francês. Em comum eles pouco mais têm do que uma convivência rápida de 15 dias gerada circunstancialmente por motivos vagamente semi-académicos, vá.
No ecrã, numa cena de elevada intensidade dramática, o herói luta pela vida, aprisionado no interior de um barco a afundar-se. Não tem hipótese nenhuma. Inexoravelmente a água sobe no compartimento e vai cobri-lo. Está quase ao nível do pescoço. É o fim prematuro. A audiência rebenta de ansiedade!
Putana! Ha trovato um buco! – Exclama incrédulo Diego, o italiano de oculinhos.
No último instante, o nosso herói encontrara um tubinho que lhe permitiu continuar a respirar por mais uns minutos, o suficiente para, milagrosamente, recorrendo a artes só acessíveis a heróis, se livrar daquela enrascada. Eu teria morrido miseravelmente.
É impossível fazer a contabilidade de todas as pessoas que entram e saem do nosso filme, entre personagens principais, secundárias e figurantes. A esmagadora maioria não deixa qualquer rasto. Mas um punhado delas fica congelada em fotografias ou produziu um sound byte que ficou por acabar.
Por onde anda essa gente? Alguém a conhece? Que é feito do Diego (2º da esquerda, agachado)? E da foca bebé?
Sugestão para a industriosa malta da Google: deixem-se de merdinhas e passem às coisas verdadeiramente necessárias. Útil, útil seria um link directo para cada uma das 6 biliões de pessoas que existem.
4 de Maio de 2007